Seu Neném Pedrosa

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
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colunista: Ivana Cristina
Colaboração: Ana Lourdes e Leila Galvão
Ícones de Brasileia e Epitaciolândia

Seu nome é Plácido Teixeira Maia, mas todos o conhecem por Neném Pedrosa. Ele nasceu no Seringal Carmem em 05 de outubro de 1935. Sua infância foi no seringal, enquanto a maioria dos garotos brincava, ele trabalhava arduamente no corte da seringa. A imensidão da floresta causava medo, assustava… Segurando a tigela, a poronga em sua cabeça “alumiava” o caminho, marico nas costas e a inseparável “machadinha”, partia para mais uma luta diária nos confins da amazonia. O dia ainda não tinha amanhecido e Neném Pedrosa já estava na lida. Uma vida árdua em meio a selva, lidando com todos os tipos de perigos. Todo dinheiro que recebia, guardava, fazendo uma reserva para o futuro. Nesse período conheceu Amélia, o grande e único amor de sua vida. Amélia era uma moça linda, graciosa, um sorriso tímido no rosto que encantava. Namoraram e casaram. Mas, a vida no seringal era muito difícil, longe de tudo e de todos. Juntou todos os seus recursos financeiros e mudaram-se para a cidade, tentando uma vida melhor. Chegando em Brasileia, foi morar nos Três Botequins, onde mora até hoje.
Três Botequins era um bairro de chão batido, sem infraestrutura, quando subia a ladeira, já avistava os três botecos ou botequins, daí o nome do bairro. Neném Pedrosa observou que moradores do bairro, precisavam se deslocar até o centro da cidade para comprar diversas mercadorias. Sua visão empreendedora construiu uma pequena “taberna” e foi “sortindo” aos poucos, manteiga a “retalho”, farinha pesada na hora e “testada” pelo freguês (era costume na época jogar um “bocadinho” de farinha na boca para atestar se era de boa qualidade ou não).
Muito carismático, logo ganhou freguesia. Atendia cada freguês pelo nome! Uma garrafa cheia de café e conversando sobre tudo, principalmente sobre política. Acompanhava todas as notícias em um rádio de pilha. A taberna foi crescendo, do anzol de pesca a colher de pau, o que procurava, tinha. Aos poucos sua taberna foi sendo referência, ganhando fama na região. Era o ponto de encontro de amigos, principalmente se o assunto era política! Neném Pedrosa vendia “fiado”, tudo era anotado em um caderno com as folhas amareladas pelo tempo.
Cada “aver” que recebia, investia e cada dia mais prosperava. A família foi crescendo e o Bairro Três Botequins, também. Seu Neném Pedrosa estudou pouco, mas sempre teve habilidade para cálculo. Memorizar o nome e o número dos candidatos era seu passatempo preferido. Fazia isso com maestria. Ele, apaixonado por política, viu seu sonho se realizar, quando sua filha Leila Galvão se candidatou para Vereadora em Brasileia, sendo eleita com excelente resultado. A cada eleição a vitória de sua filha se consolidava. De Vereadora, Prefeita e Deputada Estadual. Um marco na política, para uma menina nascida em Brasileia e carregada de sonhos. Mas, o coração de Neném ficou enlutado, quando viu o grande amor de sua vida partir. A companheira de tantos anos, Amélia. Desde então, a vida nunca mais foi a mesma, sem Amélia. Cercado pelo amor de filhos, genros, netos, bisnetos e amigos, ele continua a viver, de seus 90 anos recheados de lembranças e saudades do seu único e inesquecível amor, AMÉLIA.