COLUNISTA: Ivana Cristina
Colaboração: João Oliveira
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia
Iraci da Silva Oliveira era filha de Joaquim Coelho de Oliveira e de Nazaré Jacinta da Silva. O ciclo da borracha estava no seu apogeu, com isso muitos nordestinos vieram para essa terra, atraídos pelo “ouro negro”, chegavam em grandes embarcações, uns se instalaram no lado brasileiro, outros no lado boliviano.
Joaquim Coelho comprou um seringal do lado boliviano, chamado “Sacado de Santana”, lá construiu sua família. Iraci nasceu no seringal em 19 de fevereiro de 1950! Aos 15 anos casou-se com um funcionário de seu pai, Antônio Oscarino, mas conhecido por “Tamborim”. Seu Antônio nasceu em 15 de janeiro de 1915. Joaquim Coelho arrendou uma terra e deu para os dois construir a vida. Juntos tiveram oito filhos: Francisca, Sebastiana, Raimundo, Francisco, Antônio, João, Esmeraldo e Edmilson. Muito trabalho e com vários filhos para criar a vida não foi fácil para eles. A borracha já não dava mais tantos retornos. Os seringueiros abandonaram os seringais para buscar novos meios de sobrevivência na cidade. Os bolivianos insistiam em dizer que aquelas terras não pertenciam aos brasileiros . Aos poucos o abandono foi geral. Dona Iraci e “Tamborim” vieram morar na zona rural de Brasileia. Plantavam, colhiam, mas as condições de trafegabilidade do ramal e BR 317, impediam de vender sua produção. Ele já em idade avançada, não tinha mais tanta resistência física para o trabalho braçal, além disso, sentiam a necessidade dos filhos frequentarem a escola. Com os corações cheios de esperança, venderam o que tinham e vieram morar na cidade. Aqui as dificuldades eram imensas. Graças a ajuda dos filhos maiores, tiveram o sustento dos filhos menores garantidos. Com o tempo foram morar no Bairro Leonardo Barbosa. Dona Iraci foi lavar roupa para fora, assim ajudava seu esposo, já aposentado a prover o sustento e o estudo de seus filhos. Seus filhos foram criados brincando à beira do rio, jogando bola nos campinhos de pelada e nas ruas do bairro. Esses locais foram palcos das brincadeiras infantis deles. Ela congregava na igreja Deus é Amor. Ele preferia não ir à igreja, gostava de assistir televisão na casa do Zezinho e da Zilda. Seus estimados vizinhos. O tempo passou, seus filhos cresceram! Em virtude da necessidade de trabalhar, a maioria abandonou os estudos. Mas, eles persistiram nos que frequentavam a escola. Era um sonho dela ver seus filhos formados exercendo uma profissão digna! Seu Antônio, companheiro de sua vida, sentiu-se mal e faleceu repentinamente em 2001, aos 86 anos. Ela com o coração enlutado, continuou sua vida na criação dos filhos e netos: Max e Ereny. Sem ele, a vida ficou mais difícil para ela. Mas, ela nunca perdeu a esperança! Tinha muita fé! Enfrentou diversas alagações! Sempre com um sorriso no rosto para recomeçar. Assim como todos os moradores da beira do rio, que quando o inverno chega, o coração aperta e os olhos se fixam nas águas do Rio Acre. O Rio Acre é um gigante adormecido! Quando os meses de janeiro, fevereiro e março chegam, ele dá uma reviravolta e sai da zona de inércia e vai devastando tudo que encontra pela frente. Dona Iraci partiu, em 2015, aos 65 anos de idade, deixando sua família com o coração enlutado. Foi exemplo de esposa, mãe, avó, sogra e amiga. Quem conviveu com ela sabe da mulher incrível que ela era. Pessoa simples, de riso fácil, obreira dedicada, de fé e ativa em suas atribuições. A sua casa no Bairro Leonardo Barbosa continua lá! Mas, já não tem mais o brilho de outrora. Era um lar aconchegante, cheio de risos, de alegria, de vida… Dona Iraci deixou saudades!
Lembro que ela estendeu a mão no momento que eu mais precisava. Tenho um agradecimento especial a essa fantástica mulher!
Que criou os filhos em meio às dificuldades, cresceram e trilharam o caminho do bem, dando muito orgulho a ela. Uma mulher que tenho a honra de chamar de sogra!