Seu nome é Manoel Elviro de Araújo Neto, nasceu no Icuriã em Assis Brasil e muito novo mudou-se para o Nordeste. Lá conheceu uma linda menina chamada Maria Francinete. Casaram, tiveram duas lindas filhas: Evanuza e Neta. Deixaram o nordeste e fixaram residência próximo ao antigo Porto da Catraia, em Brasileia. Católicos fervorosos, sua família é devota de Nossa Senhora da Guia e sempre que podiam participavam da tradicional festa no Distrito de Boi Selado, município de Jucurutu, Rio Grande do Norte. Seu Manoel, muito comunicativo e trabalhador, fazia amizade fácil! Eu lecionava na Escola Kairala(no antigo prédio, hoje, no local funciona a Escola Getúlio Vargas). Na época, nem sonhava em existir merenda escolar para os alunos do ensino médio, principalmente noturno. E durante o “recreio” lá estava o “Seu” Manoel na cantina da escola com suas deliciosas fatias de pizzas, seus fumegantes charutos que deixavam água na boca só de sentir o cheiro. Quando soava o sinal era uma correria, alunos só faltavam atropelar os professores e professores querendo passar na frente dos alunos para comprar as “delícias” do Seu Manoel. Na cantina todos eram atendidos pela Neta, sua filha! Ela atendia a todos com um sorriso no rosto. “Neta! Neta! Neta! Era o nome que se ouvia no murmurinho da cantina! Recordo com carinho do aluno Sanzio Ronaldo, que degustava uns cinco charutos e eu precisava chegar antes dele na cantina, caso contrário ficava sem. Quantas vezes saboreie os charutos, pizzas e outros salgados, feitos com amor e carinho. Até hoje quando me recordo dessa época me dá um “aperto” de saudade. Ah, época boa! Seu Manoel durante o dia tercia punhos de redes, abatia e vendia galinha caipira, como tudo que ele fazia, eram as melhores da cidade. Após alguns anos nos tornamos vizinhos, e nos aproximamos mais. Um homem dedicado à família, apaixonado pela esposa, netos e filhas, tinha muito orgulho das suas filhas terem cursado uma faculdade, pois apesar do pouco estudo, era apaixonado pela educação e viu na Formação das filhas, a realização desse sonho. Além disso, tinha um amor pela natureza, pois suas raízes têm o DNA do povo da floresta. Ter nascido no seringal Icuriã, trouxe essa marca. Era gostoso de ver, quando ele voltava das viagens ao Rio Grande do Norte com sua esposa Francinete e trazia uma mala cheia de lembranças e saudades dos que ficaram. Seu Manoel tinha um vigor físico invejável, praticava corrida diariamente, eram inúmeras voltas, no Parque Centenário. O tempo passou! A saúde do Seu Manoel já não era a mesma. Mas, mesmo assim, caminhava com sua esposa Francinete, nas belas tardes de verão. Um fazendo companhia ao outro. Guardo na lembrança os dois de mãos dadas, parecendo duas crianças… Ela conversava com quem passava! Ele era mais focado nas caminhadas. Formavam um casal tão diferente, mas ao mesmo tempo, tão semelhantes. Seu Manoel não recorda mais o passado, “acometido” por uma doença. A Francinete, presença constante nas novenas de Natal, nos deixou. Partiu de uma forma tão serena(logo, ela, que era tão agitada)sabendo que o seu amado esposo estaria em boas mãos, aos cuidados de suas filhas, genro e netos. Quantas saudades! Só quem convive com a família do Seu Manoel, sabe o tanto que o amor os cerca. Outro dia fui presenteada pela Neta, com charutos quentinhos. O sabor, o cheiro… foi como se tivesse voltado ao passado! Na minha escola, na simplicidade da cantina, no burburinho dos alunos a dizer repetidas vezes o nome da “Neta”.
Obrigada Seu Manoel! Obrigada Meus compadres: Valdemar e Evanuza! Obrigada Neta! Neta! Neta!
Francinete, descansa em paz!
Ivana Cristina Colaboração: Evanuza e Neta Ícones de Brasileia e Epitaciolandia