“É um crime de responsabilidade”, afirma Dallagnol sobre falas de Lula ironizando atentado a Moro

Nacional
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fonte: terra  brasil noticias

O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou, em entrevista à CNN neste sábado (25), o que Lula cometeu crime de responsabilidade ao comentar o plano de integrantes do PCC para realizar ataques contra servidores públicos, dizendo que “se for mais uma armação, Sergio Moro (União Brasil-PR) ficará mais desmascarado ainda”.

“As palavras de um presidente da República, que é o símbolo máximo das instituições brasileiras, tem consequências muito graves na realidade e geram instabilidade. As ações dele quebram com a dignidade, o decoro do cargo, e isso é um crime de responsabilidade”, disse Dallagnol, citando o último inciso do Artigo 9 da Lei do Impeachment.

O parlamentar declarou que existem deputados que trabalham em um pedido de impeachment contra Lula, e que assinará o eventual pedido quando finalizado. Segundo Dallagnol, a discussão sobre o impeachment deve ser feita “no mínimo para chamar o presidente para a responsabilidade”.

“A questão que se coloca é, esse crime de responsabilidade, é relevante o suficiente para minar a estabilidade das instituições, de modo a justificar uma quebra de estabilidade com o afastamento de um Presidente da República? Então olhamos o contexto maior, o contexto de quanto o ato do presidente impacta a realidade, o quanto gera instabilidade (…) A minha leitura é sim”, disse.

O ex-ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro era um dos alvos de um grupo de nove suspeitos presos, na manhã de quinta-feira (22), pela Polícia Federal (PF). Lula visitava o Complexo Naval de Itaguaí (RJ) quando foi questionado sobre o assunto.

A CNN procurou o Palácio do Planalto sobre as falas de Dallagnol e aguarda resposta.

Em suas redes sociais, nesta semana, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, fez críticas à decisão da juíza Gabriela Hardt, que retirou o sigilo do processo envolvendo a operação da Polícia Federal sobre a ameaça do PCC.

“Gabriela Hardt acaba expondo as investigações e, consequentemente, atrapalhando-as, já que as apurações seguem em curso e tratam de um tema sensível, que é o das organizações criminosas. Seu objetivo foi ajudar a PF?”, disse em publicação.

Na quinta-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia levantado dúvidas sobre a operação ser “mais uma armação” de Moro.

Em sua fala, Lula citou a juíza ao dizer: “Até fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele. Isso a gente vai esperar, eu não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Eu acho que é mais uma armação. Se for, ele vai ficar mais desmascarado ainda e eu não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo do jeito que está.”

Hardt foi a juíza que substituiu Sergio Moro em 2018, quando este pediu exoneração da 13ª Vara Federal de Curitiba para assumir o Ministério da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL). Foi ela quem assumiu o comando da Operação Lava Jato na época.

Ela também foi responsável pela sentença de 2019 que condenou Lula em processo referente a um sítio de Atibaia. A decisão repercutiu por ter trechos idênticos à sentença dada por Moro no caso do triplex do Guarujá envolvendo Lula em 2017. Alguns apontaram que a magistrada teria “copiado e colado” partes do texto do ex-juiz.

As sentenças contra Lula foram anuladas posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).