Lideranças indígenas não abrem mão de ministério

Política
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fonte: revista oeste news

Durante a campanha, o então candidato à Presidência Lula (PT) prometeu um ministério exclusivo para indígenas. Agora, o petista cogita a hipótese de criar uma secretaria voltada aos “povos originários”. A medida desagradou lideranças que o apoiaram na disputa pelo Palácio do Planalto.

A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), que integra a equipe de transição, disse que não dá para aceitar a não criação do ministério. “Foi promessa de campanha de Lula no acampamento dos indígenas, aqui em Brasília”, lembrou, em entrevista ao site Metrópoles, na sexta-feira 9.

Em entrevista à GloboNews, a deputada eleita Sônia Guajajara (Psol-SP) foi na mesma linha. A indígena cobrou de Lula que cumpra a promessa da criação da pasta. Ela é cotada para chefiar o ministério, se de fato sair do papel.

Recentemente, negros, mulheres e LGBTs que apoiaram Lula têm se decepcionado com o petista. Isso porque o presidente eleito rifou alguns apoiadores, depois de ter ganhado a eleição. Nesta semana, um grupo de mulheres diplomatas desiludiu-se com Lula, em virtude do “prêmio de consolação” que recebeu: em vez do comando do Itamaraty, conseguiu apenas uma secretaria subordinada a um homem, o novo chanceler Mauro Vieira.

Semanas antes da decepção das diplomatas, Toni Reis, presidente da Aliança Nacional LGBTI+, admitiu que terá de dialogar com parlamentares conservadores. Sobre Lula, Reis queixa-se. “Mulheres, negros e povos originários terão ministério”, observou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “Já que não vamos ter, que tenhamos departamento no Ministério de Direitos Humanos com verba.”

A antropóloga Debora Diniz, professora da UnB, que já criticou Bolsonaro por perseguir pedófilos, disse que cabe às feministas “manterem a pressão para que o aborto seja tratado como questão de saúde pública”. “Lula já foi presidente por oito anos, e a questão do aborto nunca foi prioridade ao longo desse período”, constatou, ao mencionar que vê o Supremo Tribunal Federal como uma instituição a ser pressionada pela legalização da interrupção da gravidez