Miguel dos Santos Braúna

ICONES DE BRASILÉIA E EPITACIOLANDIA POR IVANA CRISTINA
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colunista: Ivana Cristina
Colaboração: Aldecir Braúna
Ícones de Brasileia e Epitaciolandia

Conheci Miguel na Escola Kairala, fui sua professora. Era um garoto gentil, amoroso, de um coração enorme, mas muito travesso, como muitos que tem por aí.
Miguel Braúna estudava no 2° ano, na Escola Getúlio Vargas, em um dia chuvoso, brincando com os colegas, caiu dentro de uma grande “poça” de água e foi “ferrado” por uma jararaca da boca podre. Sua perna atrofiou e abriu uma ferida, que demorou 10 anos para começar a cicatrizar.
Miguelzinho era um garoto travesso, inquieto, “mexia” com todo mundo! Colocava apelido em tudo e em todos. Estudar com ele, precisava ter muita paciência e lecionar? Paciência dobrada! Ele era muito peralta!
O mundo era pequeno para Miguel e ele precisava “voar”, pilotava uma moto como ninguém, desbravou muita estrada de barro, no Brasil, Bolívia e Peru, deixando vários “marmanjos” para trás. Era um aluno assíduo, mas, requeria uma boa “dose” de paciência. Miguel pegava os cadernos dos colegas para resolver as atividades que ele não tinha feito! Escondia o lápis de um! Jogava papel no outro! Soltava beijos para as meninas e o “enredo” começava: Professora, o Miguel mexeu comigo!
Professora, o Miguel puxou o meu cabelo!
Professora, Miguel escondeu meu caderno!
Professora, Miguel está dando “cotoco” para mim!
Professora, Miguel… Sempre ele!
Miguelzinho era muito esperto, quando percebia que eu ia ficar brava, corria e me abraçava, dizia que eu era o amor da sua vida! Como ficar irritada com um aluno assim!
Quantas saudades Miguel!
Ele gostava de fazer trilhas, apostar corridas… Sua moto era potente! Sofreu vários acidentes! Acidentes que destruíam completamente a moto e como consequência apenas uns arranhões! Gostava de correr com seus amigos de motocross! Ele dizia que sentia liberdade, pilotando uma moto. As aventuras o faziam sentir vivo, feliz e livre! Em cima de uma moto, “todos somos iguais, não tem feio nem bonito, forte ou fraco, velho ou novo”!, dizia ele.
E foi em uma dessas viagens, a Puerto Maldonado, no Peru, na madrugada do dia 28 de julho de 1995, que sofreu um acidente. Levaram ao hospital de Puerto Maldonado. Mas, a situação dele se complicou. Zezinho Pacheco conseguiu um avião que transportou Miguel para o hospital em Rio Branco. Mesmo recebendo toda assistência médica, infelizmente ele não resistiu. Logo ele, que tinha enfrentado tantas outras quedas! E uma simples, tinha lhe ceifado a vida!
O corpo de Miguel foi trasladado para Brasiléia. Sua partida comoveu parentes e amigos.
O querido Miguel deixou saudades, a sala de aula na Escola Kairala José Kairala, onde ele estudava, nunca mais foi a mesma.
Só quem o conheceu, sabe exatamente do que eu estou falando!
Miguel “voou” para os braços do Pai, jovem, aos 23 anos de idade.