fonte guiame.com.br
A política finlandesa Päivi Räsänen tornou-se alvo de investigação da polícia por fazer um post no Facebook criticando a participação de sua igreja na parada gay. Expressar sua opinião sobre sexualidade e defender a Bíblia, porém, foi motivo de enquadrá-la por cometer “crime de ódio”.
De acordo com o Christian Post, ela enfrenta a possibilidade de seis anos de prisão. Depois de ter sido interrogada pelas autoridades policiais por mais de 13 horas, disse que é “um grande privilégio”. Para os juristas, é um ato de opressão.
Ela conta que foi questionada sobre como interpreta as cartas do apóstolo Paulo na Bíblia. “Achei um privilégio ter esse tipo de discussão com a polícia”, disse Räsänen em entrevista à Alliance Defending Freedom International (ADF).
Päivi Räsänen com Paul Coleman, diretor executivo da ADF International. (Foto: Captura de tela/YouTube ADF International)
Sobre o interrogatório policial
“Durante essas horas, tive várias vezes a possibilidade de contar aos policiais sobre a mensagem do Evangelho, o que a Bíblia ensina sobre o valor do ser humano, que todas as pessoas são criadas à imagem de Deus e por isso todas são valiosas”, lembrou.
“Foi como dar estudos bíblicos para a polícia”, ela continuou. Antes de entrar para a política, Räsänen trabalhou como médica, é casada com um pastor e disse que acha um absurdo ser interrogada sobre suas crenças. “Parece que estamos nos tempos soviéticos”, ela comparou.
“Eu nunca poderia imaginar quando trabalhei como ministra do interior e estava no comando da polícia, que seria interrogada e teria esse tipo de questionamento dentro de uma delegacia”, disse a parlamentar que liderou o partido democrata-cristão de 2004 a 2015.
Assista (em inglês):
“Questão de convicção, não apenas uma opinião”
Räsänen disse que a polícia também perguntou se ela estava pronta para “renunciar” a seus escritos.
“Eu respondi que vou me apoiar no que acredito e vou falar sobre essas coisas e escrever sobre essas coisas também no futuro, porque são uma questão de convicção, não apenas uma opinião”, disse convicta.
Räsänen recebeu três acusações: por agitação étnica, por declarações expressando suas crenças sobre a sexualidade humana e sobre o casamento.
O bispo da Missão Evangélica Luterana, Juhana Pohjola, foi acusado de agitação étnica por publicar o livreto de Räsänen. Os promotores da Finlândia determinaram que as declarações anteriores de Räsänen depreciam e discriminam indivíduos LGBT e fomentam a intolerância e a difamação.
Evangelho em jogo por causa do pós modernismo
Räsänen, que é mãe de cinco filhos, sustenta que suas expressões são “legais e não devem ser censuradas”.
“Não posso aceitar que expressar minhas crenças religiosas possa significar prisão”, ela escreveu em um comunicado que foi divulgado anteriormente pela ADF.
“Não me considero culpada de ameaçar, caluniar ou insultar ninguém. Minhas declarações foram todas baseadas nos ensinamentos da Bíblia sobre casamento e sexualidade”, reafirmou.
Päivi Räsänen com advogados da ADF. (Foto: Captura de tela/YouTube ADF International)
Em novembro, Pohjola alertou que sua acusação ilustrava que “o Evangelho de Cristo está em jogo” por causa do pós-modernismo e da “cultura do cancelamento”. Ele disse que as leis de discurso de ódio foram usadas injustamente contra ele.
“Quando o pós-modernismo varreu os países ocidentais, seu núcleo básico era a negação da verdade absoluta. A única verdade é que você deve permitir que todos tenham sua própria verdade subjetiva”, disse Pohjola.
“Esse hiperindividualismo continua, mas agora tem um tom diferente. Se você é contra a ideologia LGBT, a chamada diversidade, igualdade e inclusão, você não é apenas considerado antiquado, mas você é rejeitado como moralmente mau”, continuou.
“É isso que o procurador-geral entende ser seu dever, proteger cidadãos e vítimas frágeis dos cristãos intolerantes e odiosos”, disparou.
Ataque à liberdade religiosa
Seis membros do Congresso dos EUA condenaram a acusação como “infrações à liberdade religiosa”.
Liderados pelo deputado Chip Roy, do Texas, os legisladores instaram a Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA a considerar esses processos ao recomendar quais países o Departamento de Estado dos EUA deve colocar em uma lista especial de observação de países que se envolvem em violações da liberdade religiosa.
Em maio do ano passado, professores de instituições da Ivy League, como a Universidade de Harvard, a Universidade de Yale e a Universidade de Princeton, estavam entre os juristas que instaram a USCIRF a pressionar o Departamento de Estado a sancionar o procurador-geral da Finlândia por processar Pohjola e Räsänen.
“Nenhum equilíbrio razoável entre os bens da ordem pública, igualdade civil e liberdade religiosa pode apoiar essa supressão do direito de acreditar e expressar suas crenças. Os processos são atos diretos de opressão”, escreveram.